quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Etapa 10 - Ponferrada a Villafranca del Bierzo

Dia: 13/07/10
Percurso= 23,9km
Percurso acumulado= 192,60km
Início= 8h
Término= 15h50
Duração= 7h50


O dia estava ótimo, mas deixar Ponferrada foi problemático. Porquê?









Bem, foi uma confusão de setas. No dia anterior quando fomos ao Castelo dos Templários havia um marco com uma concha indicando que o caminho seguia pela direita, virando o castelo e passando pela Torre do Relógio, pois bem... ao menos era o que parecia.
Também tínhamos na lembrança as setas do caminho errado (aquelas setas de quem vem por Campo).

Bem, deixamos o hotel que fica praticamente ao lado da Torre do Relógio, passamos pela praça e acabamos por voltar a rua principal por onde se chega em Ponferrada, encontramos as setas indicando o caminho, as quais nos levou de volta ao Castelo dos Templários que também ficava próximo ao hotel, ou seja, estávamos lá do lado e demos volta. Ninguém merece!

Pois bem, em frente ao Castelo ficamos sem saber para onde ir, não havia seta indicando que era para a ponte, só havia a seta que indicava para ir no sentido de quem vai para a Torre do Relógio, caminho o qual fizemos no início.


Um casal de peregrinos mexicanos também ficou confuso. Estávamos seguindo juntos.
Bem contornamos o castelo, não sabíamos para onde ir exatamente.

O casal de Mexicanos perguntou a um senhor qual o caminho e ele mostrou que deveríamos ir no sentido da Antena e apontou para uma Antena que eu acho que era de Televisão. (vejam no cantinho da foto a antena)

Bem, tinhamos que atravessar então o Rio. Estávamos longe da ponte, tentamos ver se tinha uma saída por trás do Castelo mas não deu certo.

Retornamos para encontrar uma ponte muito mais a frente e daí encontrar o caminho certo.

Até encontrarmos o caminho levamos cerca de 30 minutos meio que perdidas.






Resumo da ópera: para sair de Ponferrada basta atravessar a ponte e seguir em direção a antena de Tv. Há duas pontes: uma ao lado do castelo (ponte de ferro) e daí é só virar para a direita que chega lá.

A outra ponte fica mais afastada do castelo mas também quem for por ela chega no lugar certo através da Plaza las Nieves

A indicação até saírmos de Ponferrada estava escassa. Às vezes seguiamos meio que na intuição até encontrar algum sinal confirmando a opção. Bem, assim como se anda muito para chegar no centro de Ponferrada também se anda bastante para deixar a cidade.

Verinha já não estava conosco, ela ainda ia ficar na cidade e combinamos de nos encontrar então em Santiago no nosso hotel.

Nesta etapa fiquei surpresa com a cidade de Cacabelos, pensei que fosse uma cidade pequena mas não é.

Antes de entrar propriamente nesta cidade se passa por um supermercado muito bom.

Nessa etapa também se passa por vinhedos.






Estava cansada, e já não via a hora de chegar, mas é um tal de sobe e desce, e curvas e mais curvas...quando finalmente eu vejo um mural pintado dando as boas vindas para quem chega em Villafranca.

Abri um sorriso! E disse: chegamos!!!

Doce ilusão! Continua a andar e andar e andar...











Ao entrar em Villafranca passamos pelo albergue Municipal, mas não ficamos nele, vimos mais adiante o albergue Ave Fenix. Albergue bastante falado, cantado em prosa em verso, resolvi ficar aí, mas infelizmente a minha experiência neste albergue não foi das melhores.



Não havia recolhimento das pessoas na hora certa, muitos ficavam no pátio e faziam ruídos e gargalhadas de madrugada, isso mesmo! de madrugada! A luz de fora não era apagada esta por sua vez, pela disposição da minha cama que ficava num dormitório o qual so tinha 3 paredes, pelo outro lado a luz entrava e vinha bem em minha direção.O sono de um peregrino deve ser sagrado. Bem, ,mas isso foi o de menos...



O pior foi ter que utilisar um banheiro o qual não tinha tranca e a descarga não funcionava. Haviam 2 vasos, ambas portas sem trancas, descargas puxadas por fio de nylon. Vinha pouca água e sem força.... por aí vocês imaginam como fica a pessoa que faz o nº 2.



Como peregrina não sou de luxo, quem vai pra chuva é pra se molhar, mas acredito que o mínimo do mínimo um albergue que se presa deve oferecer, até mesmo para que o serviço utilizado seja possível de condição de uso novamente por outra pessoa após o uso de outra. Se é que vocês entendem o que quero dizer. Fiquei muito envergonhada! Dei a descarga 4 vezes e nada! A coisa estava preta!!!!! ou melhor dizendo marrom!!!! Eu havia tomado um laxante, pois há dias meu intestino não funcionava bem.



É! Podem rir!


De contrapeso na hora do jantar antes da refeição um dos colaboradores resolveu fazer uma oração e pediu a todos que se levantassem e dessem as mãos para a oração. Beleza!


Como eu estava na ponta de uma das mesas ele pegou na minha mão, e levantou o braço, o cara era maior do que eu, estava com um Cecê brabo, por ele ser gigante, o meu nariz ficou debaixo do sovaco dele praticamente! Foi um terror!


É! Podem rir de novo!



Daí... a noite não tinha terminado não.... sentado ao meu lado estava um alemão que aparentemente simpático mostrou interesse pela minha falta de apetite. Eu estava quieta conversando com o meu filho e ele começou a me abordar falando EM INGLÊS, me questionando porque que eu não queria comer a salada.


Depois me questionou EM INGLÊS porque que eu tinha posto pouca sopa no prato. Respondi a ele que havia comido uma barra de chocolate e refrigerante, estava sem fome. E voltei a ficar quieta.



Muito bem, após o prato principal que foi ovo com pedaços de linguiça, e eu achava que viria mais coisas, não pensei que aquilo fosse o prato principal, vi que não vinha mais nada, que os colaboradores estavam de braços cruzados e a galera a maioria já estava terminando; então me virei para o alemão e EM INGLÊS perguntei a ele se eu já poderia me retirar da mesa.


Sabe quando você fica em dúvida de fazer algo, se de repente não fica chato e você quer uma opinão? Foi nessa intenção que perguntei a ele.... vou escrever em português literalmente a resposta que aquele infeliz me deu em inglês.


Ele virou a cabeça com ar de esnobe e disse: "eu não falo inglês, falo alemão, mas sim, você pode se levantar!

Não gente! Eu posso com isso? Eu posso?´

É! Podem rir mais uma vez!

Seria trágico se não fosse cómico!

O cara puxa assunto comigo em inglês, quando eu me dirijo a ele em inglês ele vem com essa! Sinceramente, fiquei sem palavras!

Eu e o Rodrigo nos retiramos e ele também se retirou junto comigo.

É Doido! De mal com a vida! Sai pra lá Jaburu!

A única coisa boa nesta etapa e neste albergue foi que reencontramos o Daniel, o venezuelano que estava fazendo o caminho de bicicleta.

No dia seguinte ele que levantava cedo ficou nos esperando apenas para se despedir da gente, nós que demorávamos para estarmos prontos. Tadinho!

Nos despedimos na certeza de nos reencontrarmos em Santiago, mas ainda pude filmá-lo se despedindo de minha mãe e deixando o albergue.

Abaixo está o vídeo dele, pois é bom termos o som da voz de um amigo gravada, é bom termos o registro do sorriso de um amigo. Valeu Daniel! Gostamos muito de ter te conhecido!

ou melhor: gracias Daniel! A nosotros nos gustó muchísimo haberte conocido!



Na entrada de Villafranca tem a igreja de Santiago que na época medieval os peregrinos que não conseguissem chegar até Santiago de Compostela por motivo de doença, a eles lhes eram dadas as indulgencias na porta desta igreja - porta esta chamada de "Puerta del Perdón". Este foi um privilégio concedido pelo Papa Calixto III.







Abaixo álbum com fotos desta etapa


Etapa 10 - Ponferrada a Villafranca del Bierzo


3 comentários:

  1. Mô,você é muito corajosa em escrever isso, ainda bem que vc não contou tudo! kkkkkkkkkk. Beijos

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  2. Aldi, quantas aventuras neste dia!!! Tudo o que você passou no albergue agora fica como aventura, valeu a pena! Fiquei preocupada com uma coisa: eu considero a hipótese de ir sozinha, mas, com seu post, percebi que deve ser fácil a gente se perder, né? Imagine se você estivesse sozinha neste dia... Qualquer um entraria em desespero! Ainda bem que você deu a dica da ponte, mas deve haver falhas na sinalização no meio do caminho, não? Beijão, Ju (p.s.: continuo futricando seu blog e sonhando com a viagem...) =)

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  3. Oi Ju, é verdade! O Caminho tem muistas sinalizações, porém existem lugares que geram dúvidas, mas na incerteza é melhor perguntar. Mas faz parte! No final a gente acaba rindo... bjs

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