Percurso = 21,5 km
Percurso acumulado= 49 km
Início= 7h45
Término= 17h05
Duração= 9h40
Embora verão o dia estava nublado, fomos uns dos últimos a sair do albergue.
Quando o peregrino deixa o albergue em Roncesvalles não há ainda nada aberto, portanto o café da manhã é tomado geralmente nos outros vilarejos. Embora o albergue da Colegiata de Roncesvalles ter maquinas com lanches, cafés, refrigerantes e sucos, nós tomamos o nosso em Burguete.
O nosso café da manhã costumava ser: o tradicional café com leite e pedíamos também o Colacao, equivalente ao nosso nescau, suco de laranja, tostadas e croissants, algumas vezes pedíamos também Magdalena um bolinho feito de milho.
Bem, voltando ao caminho, íamos em direção à Burguete, primeiro vilarejo que se encontra nesta etapa a Zubiri, muito bonito; Se entra em um bosque paralelo à pista até certo ponto, até que quando chegamos entre o limite entre Burguete e Roncesvalles encontramos a Cruz de Roldan, chamada de a Cruz Branca.
Conta a lenda que aí, sob essa cruz, está enterrado Roldán, sobrinho e um dos doze pares de Carlomagno, que morreu na Batalha de Roncesvalles.
Por volta de 778, Carlogmano tinha ido a Espanha para lutar contra os árabes e tendo sido derrotado voltou furiosamente para França, passando por Pamplona e destruindo suas muralhas. Por conta desse último episódio, Carlomagno desencadeou uma revolta no povo que alí vivia que muito rapidamente tentaram armar-lhe uma emboscada no lugar onde hoje é Roncesvalles. Acontece que Carlomagno já estava mais adiante e era seu sobrinho Roldan quem estava por aquela área, de modo que este foi pego, mas conta a lenda que Roldan antes de morrer tocou o olifante para avisar a Carlomagno . Mas na verdade, segundo historiadores, essa cruz marca apenas o limite entre Roncesvalles e Burguete, todavia é considerado símbolo de proteção divina no Caminho.
A batalha existiu, a morte de Roldan ocorreu naquelas imediações, mas esta não é a tumba dele.
O bosque, entre esses municípios, pelo qual passamos, que antigamente provavelmente deveria ser mais extenso, se chama Sorginaritzaga, que na língua euskera quer dizer Carvalhal das Bruxas, nesses bosques se celebravam sabás no séc. XVI, o que levou à fogueira 9 pessoas, consideradas bruxas.
Eu não sei não, mas coincidentemente todas as fotos que eu bati dentro desse bosque não prestaram. Somente a que eu bati antes de entrar nele e a próxima foto boa só vai ser a que eu bati ao sair dele que é quando encontramos a Cruz Branca. Deve ter alguma energia por lá que não queria que eu tivesse uma foto linda daquele bosque. Mistério...!!!!! Bem, já quase chegando em Burguete, um chuvisco nos pegou de surpresa mas foi rápido. Chuvas de verão. Dá um trabalhinho, porque vc tem que tirar a mochila para apanhar o poncho, coloca o poncho, aí você começa a caminhar, daí você sente um calorzinho porque com o poncho acaba por esquentar. Depois para a chuva, tira o poncho, guarda, mas adiante o chuvisco retoma... e assim vai...
Burguete mais parece um vilarejo de conto de fadas, suas casinhas todas branquinhas com flores, ruas limpinhas, é uma graça...lindo mesmo! Na rua San Nikolas se vai caminhando até que se encontra o Banco Santander, neste momento se dobra à direita para pegar uma trilha mais adiante.
Nessa etapa se passa por bosques e terrenos amplos onde se caminha tranquilamente até determinado ponto, basicamente até Espinal, que também tem a estrutura de casinhas brancas como Burguete, então começa um sobe e desce e por caminhos muitas vezes com pedrinhas de forma que haja pernas! O cansaço bate forte aqui. O pé fica dolorido de tanto pisar nessas pedrinhas, mesmo estando de bota.
Essa etapa custou a ser terminada. Paramos uns 20 minutos pro café, e para o almoço devemos ter parado outros 20 minutos. Geralmente o nosso almoço era uma barra de cereal. Eu sei que 20 minutos é muito tempo para se comer barra de cereal, mas estava chuviscando, estávamos muito cansados e levamos um pouco mais de tempo.
Indo em direção a Mezkiritz, próximo à pista há uma lápide em homenagem à Nossa Senhora de Roncesvalles, onde nela se pede que se reze um Salve Rainha.
Já próximo de chegar a Zubiri um brasileiro passa na bicicleta por mim e me reconhecendo também brasileira grita que o jogo do Brasil está para começar, falta 1 hora, apesar de já estar esgotada, uma energia é retomada sabe-se lá de onde, e então apresso o passo, tudo para ver a minha seleção jogar.
Continuo a andar, mas nada de chegar, faltam 30 minutos pro jogo. Me bate um desapontamento por não poder ver desde o início. Continuo apressada.
Finalmente chego em Zubiri, largo a minha mochila e corro para um bar virando a esquina do albergue onde tinha uma televisão.
Entro, sento em uma mesa onde estava a japonesa que conheci em Orisson e seu amigo, todos vidrados na tela, cheguei ainda no 2º tempo, com menos de 5 minutos no bar o Brasil toma o gol da Holanda que o desclassifica. De cabeça baixa volto arrasada para o albergue.
Quanto ao albergue ficamos no albergue Zaldiko, excelente albergue, pequeno, mas limpinho, aconchegante e com internet grátis. Muito bom. Próximo a ele tem uma venda onde vc pode comprar um pouco de tudo, inclusive frutas.
Para se entrar em Zubiri é preciso atravessar uma ponte medieval que fica sobre o rio Arga que é chamada Puente de la Rabia. Chama-se assim por que acreditavam antigamente, e bota antigamente nisso, que os animais que dessem a volta pelo pilar da ponte ficavam curados da raiva.
No álbum abaixo você pode ver mais detalhes das dificuldades desta etapa.
Etapa 3 - Roscenvalles a Zubiri
Também há um vídeo de um momento de desapontamento por não conseguir ver o "grande" jogo que nosso seleção teve com a Holanda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que achou? Comente!