sábado, 9 de outubro de 2010

Etapa 13 - O Cebreiro a Samos

Dia 16/07/10
Percurso=29,6km
Percurso acumulado= 250,10km
Início= 8h45
Término= 18h30
Duração= 10h15



Etapa de subidas e uma larga descida até Triacastela, foi difícil pois tive que lidar com o meu limite.
Passar a noite no Cebreiro foi divino. Não só pelo ambiente, pela energia do lugar, que me impressionaram e me encantaram, mas por até o meu sono ter sido reparador. Não somente reparador do corpo cansado, mas também do espírito. Eu conto...


(a casa coberta com planta na porta foi onde passamos a noite)


Bem, antes quero dizer que cada etapa caminhada era oferecida na intenção de algo ou alguém, então, sempre no dia anterior eu refletia e escolhia um motivo para oferecer todo o sofrimento pela dificuldade enfrentada no caminhar.









Na noite em que dormi no Cebreiro sonhei com pessoas que me fizeram, de alguma forma, um mal em minha vida.
Ao acordar logo de imediato não lembrei do sonho.
Pois bem, estava eu sentada na cama esperando minha mãe terminar de se arrumar e comecei a pensar: a quê ou a quem oferecerei a caminhada de amanhã?
Depois de refletir alguns momentos pensei: acho que devo oferecer às pessoas que me fizeram mal e na mesma hora a lembrança do sonho surgiu em minha mente! Eu fiquei maravilhada!
Nossa!!!
Tenho a convicção de que fui inspirada a oferecer a dificuldade da etapa seguinte para as pessoas pelas quais não tinha mais tanto apreço (seja por que motivo fosse), pois até então só vinha oferecendo a pessoas de quem gostava.
Mas o melhor de tudo foi perceber que essa intuição me pareceu que os oferecimentos até então já realizados estavam sendo aceitos.
Fiquei muito feliz, muito mesmo!!!!
O dia no Cebreiro amanheceu com névoa, lindo demais! Estava muito frio e começava a chover sem parar. Senti muito frio, senti frio no nariz mas principalmente nas mãos. Desejei uma luva! Era verão!

Era engraçado ver os peregrinos que passavam pela gente sumir dentro da névoa a nossa frente.

Nesse dia passamos por vacas e sentimos seus agradáveis aromas que elas deixavam pelo caminho... (rsrsrsrss)



Um senhor que vinha na direção contrária a nossa nos ofereceu flores (a mim e a minha mãe), muita gentileza por baixo de chuva, não soube o seu nome, nem quem era, nem de onde vinha nem para onde ia.... encontramos pessoas assim no Caminho, mas também encontramos pessoas assim em nossas vidas... pessoas que não conhecemos direito mas que em determinados momento nos ofertam um gesto que nos tira um sorriso inesperado.
Doçuras do Caminho!

Lamentei não ter podido tirar uma foto legal no monumento ao Peregrino no Alto do San Roque pois estava chovendo muito forte. O vi de longe apenas.







Já na metade do dia o tempo melhorou, o cansaço me acompanhava, e aconteceu algo que eu não esperava: num trecho de muitas pedras soltas pisei com o pé esquerdo de mal jeito em uma pedra relativamente grande, caminhar estava ficando difícil.











Não via a hora de chegar a Triacastela, nela chegamos as 16h e entramos em tudo quanto era pousada, albergue, hotel, mas não havia um só lugar vago.

Um peregrino avisou que havia vagas no Monastério de Samos, que ele estava indo para lá.
Não restava nada mais a fazer se não o mesmo.

Meu pé estava destroçado, eu não aguentava mais caminhar.

Seguimos pela estrada e uma placa indicava 9km de distância.
Foram os 9km mais dolorosos de minha jornada, caminhava e caminhava e parecia não chegar.

Comecei a chorar de tanta dor, Rodrigo e mamãe já iam muito longe lá na frente e eu com o pé machucado, dolorido já não suportava mais, me arrastava pensei em desisitir e pegar algum carro, mas não passava um taxi.
Eu lagrimava sem parar. Estou no meu limite, pensava eu!

Quando de repente fazendo uma curva chegamos em Samos, na virada da esquina havia um hotel e lá ficamos, era bem em frente ao Monastério.

Optei por ficar no hotel porque não sabia como seria o amanhã, precisava tratar minha dor, precisava de um pouco de conforto e sossego.

Pelo meu estado tive que tomar uma decisão que não me agradava.
Meu pé estava ruim e estava com receio de forçar no dia seguinte e caminhar até Sarria e correr o risco de prejudicar os últimos 100km que começariam a partir dela.
Então disse: não tenho condições de caminhar amanhã.
Foi triste esta decisão, mas tive que enfrentar o meu limite, tive que entender que há momentos em que se deve recuar para se ganhar lá na frente.


Há situações em que menos é mais, há situações em que menos não é uma perda mas sim um ganho.

FREAR: em algum momento de tua vida vais fazer uso desse verbo - e será certamente para o teu bem.
O que devo frear em mim para chegar aonde quero?


Só avançar não é garantia de chegar. Um carro chega em algum lugar só avançando? Não. Se ele não frear ele não chegará, colidirá em algum momento.
Não estou certa?

Para ver mais fotos acesse o álbum abaixo:


Quer ver lindas vaquinhas? Veja o vídeo abaixo:

Um comentário:

  1. OI ALDI, PELO QUE TENHO ACOMPANHADO, ME PARECEU SER ESTE O PIOR TRECHO A SER VENCIDO, NEM TANTO PELAS CONDIÇÕES DO TERRENO MAS, PELAS SUAS CONDIÇÕES FÍSICAS. MAIS UMA VEZ VC DEMONSTROU, E PROVOU, QUE SUA FORÇA ESPIRITUAL É MAIOR QUE AS DIFICULDADES, FAZENDO COM QUE VC SUPERE SUAS DEMANDAS. PARABÉNS. KLB/RJ

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