segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Focagem de Jacaré e Pousada Jacaré

Nessa semana, meu afilhado torto Christian e minha comadre e amiga Ana Paula estiveram passando férias aqui em Manaus, e contratamos um pacote turístico diretamente com o Sr. Jacaré. Ele é dono da Pousada Jacaré que fica na Comunidade São Thomé à 70km de Manaus, na margem esquerda do Rio Negro.




Aquela comunidade que fez parte do programa do Luciano Huck em 2010.

O pacote incluía pensão completa, com exceção de bebidas, incluía também focagem de jacaré,
pesca de piranhas e trilha. Em relação ao traslado ficou parte a nosso cargo, pois ele só poderia nos pegar em Manacapuru e não em Manaus.

Bem, conto para vocês nossa aventura...

TRASLADO À COMUNIDADE SÃO THOMÉ.
Foi super simples, ao contrário do que pensávamos, quando contratamos por telefone o pacote.

Você tem que ir para
o Porto de Manaus - Roadway, e lá se dirigir ao guiché para comprar uma passagem para o Cacau-Pirêra.
Custa R$5,00 a ida e você só tem que fornecer o primeiro nome.

Há lanchas saindo o tempo todo, assim que uma enche, sai, e vem outra.
A viagem leva em torno de 20 minutos para atravessar o rio.


Há lanchas cujos bancos são espaçosos, outras nem tanto, a perna fica empressada com o banco da frente. Na ida tive a sorte de pegar uma lancha confortável, mas a volta foi o contrário.

Não há espaço nas lanchas para se guardar malas. Se levar algo muito grande vai ficar no corr
edor estreito sujeito a pisada dos demais viajantes.

Ao chegar em Cacau-Pirêra, que é uma espécie de bairro/distrito de Iranduba, tem taxi e ônibus fácil.
O Junior, filho do Sr. Jacaré, nos pediu que ficássemos no Km 44 de Manacapuru.











Tem onibus que passa por lá e custa R$6,00, outra forma mais despreocupada de ir é de taxi-lotação, os taxistas sabe
m exatamente onde é, você não precisa se preocupar onde deve parar, e custa R$17,00 por pessoa.
Se quiser taxi exclusivo eles cobram R$70,00 a corrida para deixar no Km 44.







Tomamos um taxi-lotação e levou em torno de meia hora para chegar
no Km 44.
Ao chegarmos lá o Junior, filho do Sr. Jacaré, já estava nos esperando com o barquinho para nos levar até à Comunidade São Thomé.










Dica: contrate com o motorista de taxi a sua volta.
Nós pegamos o telefone do taxista que nos levou e 1 hora antes de deixarmos a Comunidade ligamos para ele e quando chegamos lá, em 5 minutos ele chegou também. Foi super rápido, não ficamos esperando na estrada.





A CHEGADA
O Junior e o Sr. Jacaré foram muito gentis conosco, pois sabendo que estávamos com uma criança e havia certa preocupação e m relação a bichos, el
es nos acomodaram na casinha, afastada dos demais cômodos da pousada, pois esta é a única que tem banheiro exclusivo, e fica no alto bem de baixo de uma árvore, bem charmosinha com varanda e rede.

Bem, como pegamos a lancha para Cacau-Pirêra as 10h, chegamos de fato na Comunidade 12h, ou seja seja saindo de barco direto de Manaus para a Comunidade, ou fazendo travessia via Cacau-Pirêra se gasta um tempo de 2h para chegar na Comunidade.








Ao chegarmos, o Sr. Jacaré veio nos receber. Deixamos nossa bagagem no quarto e fomos almoçar.

Havia tambaqui e pirarucu frito, macarrão, baião de dois, farofa, batata-frita, cebola a milanesa, arroz, e bolinhos, além de frutas para a sobremesa.

Tudo estava muito bom. A comida é saborosa e tudo é servido com muita higiene.




Após o almoço fomos almoçar e descansar um
pouco.
A cama é bastante confortável, apenas os lençois
possuem um cheiro que não agradou, talvez seja do tipo de sabão que usam, bem..... conselho: levem seus próprios lençóis e objetos de banho. Nós levamos os nossos.















Quero, antes de continuar narrando, dizer que aos que quiserem desfrutar desse pacote, saibam que estão indo para uma pousada rústica, simples, no meio do mato, e que portanto, não fiquem esperando o luxo ou que haja determinadas coisas que se encontrariam numa pousada urbana.

Meu relato neste blog, não é de forma alguma depreciativo, mas apenas para alertar aos que forem para não criarem expectativas que não se concretizarão e que estejam preparados com o
espírito para se dormir no meio da mata.
Nós não estávamos e sofremos pelo "inesperado" por nós.

Seguindo.....
Às 15h, o Sr. Jacaré veio nos chamar.
Inicialmente iríamos pescar piranhas, mas acabou que no caminho ele perguntou se não gostaríamos de visitar uma aldeia indígena. Era o que Christian mais queria e então fomos.


VISITA À TRIBO SATERÉ-MAWÉ
Visitamos a Aldeia Sahu-Apé que é dos índios da tribo de Sateré-Mawé.
Ao chegarmos lá um indiozinho nos recebeu e nos levou inicialmente para um lugar que é onde eles fazem a farmácia deles.







Eles fabricam seus próprios remédios que são feitos das folhas, lá eu comprei
uma mistura de óleo para dores na
coluna, uma pasta para artrite, artrose e demais inflamações.

É bem interessante, e como eu tenho muita fé na medicina tradicional, na cura pelas plantas, foi uma oportunidade excelente de se comprar algo realmente puro.






Depois fomos para a casa deles, onde nos deram uma bebida com um sabor diferente, não consegui identificar o que seria. Ao se bebê-la se fazia um pedido.

Depois os curumins cantaram musiquinhas para nós e nos mostraram sua escola, onde eles aprendem o português e sua própria língua.


O Pajé também oferece um ritual que é feito para espantar energias ruins. Fica só você e ele,
ele faz o seu ritual, e ao final você dá a ele quanto quiser como gratidão pelo que fez.
O valor que pagamos por visitar à aldeia foi de R$20,00 por pessoa.

FOCAGEM DE JACARÉ
Após a tribo, fomos fazer a tão esperada focagem de jacaré.
Fomos para um lugar lindo, onde o por do sol é deslumbrante.

Ficamos esperando escurecer para poder descobrir os bichinhos.
O Sr. Jacaré, vai focando com uma lanterna nos possíveis locais o
nde pode estar um jacaré, geralmente é próximo à vegetação.






No afã de se pegar o jacaré, as vezes o barco entra por entre a vegetação e nessa hora se tem que ter cuidado, porque é muito escuro e não se vê bem o que há pela frente, e galhos podem machucar o rosto ou entrar na vista, portanto nessa hora em que o barco entra pelas folhagens se põe a mão na frente para proteger o rosto.








Ficávamos preocupados com o Sr. Jacaré, com o risco de ele ser mordido por um jacaré, chegamos a ver um rabo de um jacaré grande, mas eles escapou.












Eles são muito rápidos, levou cerca de 1h30 para pegarmos um.
Infelizmente pegamos um filhote de jacaré muito pequeno, mas valeu assim mesmo!












Valeu pelo pôr do sol, foi o mais lindo que eu já vi na minha vida!

Valeu por estar no meio do rio, à noite, onde tudo é tão escuro, e o céu tão estrelado, tão lindo é maravilhoso! Uma paz tão grande invade o peito, e tudo o que você sente é vontade de agradecer a Deus por estar alí vivenciando tudo aquilo.

O interessante ao se brincar com o jacaré no barco é que se você colocar o jacaré de barriga pra cima e ficar coçando sua barriga em men
os de 1 minuto ele dorme, parece que fica como estátua.











A NOITE NA MATA
Chegamos à noite na Comunidade, de volta da focagem, às 20h20.
Ao chegarmos no quarto, num primeiro momento, tudo estava tranquilo.
Porém, quando me dirigi ao banheiro, veio o susto: simplesmente o banheiro estava cheio de sapos, rãs, gias, perereca, ou sei lá o quê, não sei a espécie, chamarei aqui de sapos.

Toda a parede, chão, teto - um horror. Havia mais de 30 sapos no banheiro.
Ao tentar sair do banheiro um pulou na minha costa e dei um grito, Ana Paula entrou em pânico, queria ir embora dali, mas como?
Eram 20h30, como voltaríamos? Onde iríamos dormir?

A Dini, uma funcionária da pousada, muito gentil, ouviu nossos gritos e foi nos socorrer.
A essa altura a maioria dos sapos já tinham fugido, mas havia uns que se recusavam a ir embora.
Ela os pegou com um saco.
Um fugiu para debaixo da cama, e não o encontramos mais, apesar de termos procurado. Quisemos acreditar que ele teria ido embora.

A pousada toda é construída em madeira, e os bichos entram pelas frestas.
Resultado: ao se tentar dormir, deixamos as luzes acesas, inclusive a do banheiro, pois os sapos gostam de umidade, e a luz esquentava o ambiente.

Bem, Christian e Ana Paula ainda dormiram, mas eu não.
Foi a pior noite que já passei na minha vida, pois pior que não dormir, é ter que ficar a noite toda preocupada com entrada de bichos, e ficar matando os mesmos.

Eu não dormi porque não consigo dormir de luz acesa, ficava de olhos fechados e a cada hora ia ao banheiro, e quando abria os olhos, havia insetos dividindo a cama comigo, insetos por cima de mim, por cima do Christian.

Grilos voavam e se batiam fazendo um barulhinho chato, matei uns 5. Matei 2 aranhas.
Matei formiga na cama, apesar de não termos comido nada nela, matei borboletinhas que pousavam na gente, no lençol, e outros tipos de insetos.
FOI SIMPLESMENTE TERRÍVEL.

E acho que se tivesse conseguido dormir não teria conseguido dormir bem, pois lá tem galo e ele cantou às 3h30, cantou às 4h30, cantou às 5h30 e às 6h um morador colocou o som para tocar.
Ele tem 2 caixas de som colada do lado de fora de sua janela.
Fala sério! Ninguém merece não é?!

Pela manhã a Ana Paula descobriu que aquele sapo que fugiu para debaixo da cama passou a noite dentro da sua crock. Imaginou o susto que ela levou ao colocar o pé nela?
A crock voou longe, o sapo acho que deve estar voando até agora.

PESCARIA DE PIRANHAS
Outro momento de muita paciência.
No dia seguinte fomos após o café pescar piranhas.
Foi utilizada como isca carne de pirarucu.












Elas gostam de ficar na sombra por isso encostamos o barco próximo à vegetação.
Conseguimos pescar 2 piranhas e um peixe da região.








BOTOS
Aqui, uma parte chata do passeio, pois dessa vez, fomos ver os botinhos do Davi, como chamam por lá. O Sr. Davi mora numa prainha e alimenta os botos um pouco afastado da praia, onde a água fica pela cintura.

Infelizmente ele não demosntrou muita atenção com o Christian. Foi na frente e começou a alimentar os botos antes mesmo do Christian ter chegado até ele.

Alimentou por 10 minutos e acabou a brincadeira.
Como não entramos na água, somente o Christian, do lugar onde estávamos ficou difícil tirar uma foto.
Mas o pior de tudo, foi que não consigo entender o porquê dos botos terem machucados o Christian, já que são as criaturas mais dóceis do reino animal.

Pelo vídeo que consegui fazer, se vê o Christian com as mãos dentro da água e ao que parece o boto mordeu sua mão sem motivo algum. Ele não botou a mão dentro da boca do boto, simplesmente estava com a mão dentro da água.
Tivemos que pagar ao Sr. Davi R$30,00 por pessoa.
Nesse caso, só pagamos o do Christian, pois foi somente ele quem entrou na água.

Portanto, na minha opinião, para se nadar com os botos, o melhor lugar é o FLUTUANTE DA SILVANA. Nota 10!
Ela é uma pessoa atenciosa, e ficamos na água com os botos por quase 1h.
Ela juntamente com o seu filho nos deram atenção e alimentavam os botos e nos auxiliáva naquele primeiro contato com os bichinhos.
Sem falar que para se tirar fotos é o melhor lugar, pois ela tem uma plataforma e você pode ficar no alto para tirar fotos da turma nadando com os bichinhos. (já mostrado em outra postagem).
Boto do Davi? Não recomendo.

RESUMO DA ÓPERA:
Era para irmos embora depois do almoço, mas após a mordida do boto, e a noite mal acordada, decidimos voltar logo para Manaus.

Retornamos ao Km 44 e esperamos pelo nosso taxi que chegou logo.

Depois de toda essa aventura o Christian passou a se chamar Christian Jones!







Esse pacote saiu por R$150,00 por pessoa.
Para quem tiver interesse fica o telefone do Sr. Jacaré
(92) 9212-2678
(92) 9152-8054
Boa sorte!


Leia também:

Mais fotos no álbum abaixo.
Passeio na mata


Pajé da tribo dos Sateré-Mawé

Pescagem de Jacaré - Parte 1

Pescando Jacaré - Parte 2

5 comentários:

  1. FASCINANTE ALDI. ESSA TERRA É FANTASTICA. ADOREI O JACAREZINHO DORMINDO DE BARRIGA PRA CIMA, PARECE A MINHA CACHORRA. hehehehe ESPERO QUE SEU AFILHADO ESTEJA BEM. CONVERSANDO COM UMA VETERINARIA AMIGA, ELA ME DISSE QUE POSSIVELMENTE O MOVIMENTO DOS DEDOS DO GAROTO DENTRO DÁGUA, JÁ QUE ELE ESTAVA EXCITADO COM A SITUAÇÃO, PODE TER INDUZIDO O ANIMAL A PENSAR TRATAR-SE DE UM PEIXE PEQUENO. O IMPORTANTE É QUE ELE NÃO FIQUE TRAUMATIZADO COM A SITUAÇÃO. CONTINUO TE SEGUINDO. BJ. KLB/RJ

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  2. Aldi...adorei o seu relato e o seu roteiro da focagem do jacaré e Pousada do Jacaré. Em Julho de 2009, no ano da maior enchente que Manaus teve nos últimos 100 anos, fiquei uma semana conhecendo Manaus e região, inclusive Presidente Figueiredo. Na ocasião fiz um roteiro fluvial semelhante ao que vc. fez em Junho de 2011, sendo um pouco mais intenso e compacto que o seu roteiro, pois na oportunidade contratei uma voadeira com guia e fiz em apenas um só dia, saindo do centro de Manaus às 08h00, o encontro das águas, após seguiu subindo o Rio Negro, passando pelo quintal do Hotel Ariaú, e nadei com os botos da Silvana onde almocei no restaurante flutuante. No retorno, visitei a aldeia indígena do Tupé (da família Tikuna) e o Museu do Seringal. Conhecemos o famoso banzé e o entardecer lindo do Rio Negro

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  3. Oi Mirtes, obrigada por seu comentários!
    Eu amei os botos da Silvana, são realmente uma graça!
    Aposto que o Rio estava lindo como nunca quando você fez o seu passeio, não estava?

    No Museu do Seringal, além de toda a história que se conhece, gosto da emoção de perfumar minha mão num formigueiro! Você tentou?

    Abraços
    Aldi

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  4. Parabens era algo assim que eu estava proocurando, a algum tempo estava procurando informações para conhecer esse local de uma forma mais barata, muito obrigado por compartilhar essas informações sei o quando é difícil encontrar informações da nossa região por isso também criei um blog para relatar as minhas aventuras e gostaria de te convidar para da uma olhada, abraços.

    http://aventurasamazonia.blogspot.com/

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  5. Também gostei muito da postagem de Novo Airão e a do Museu do Seringal, pretendo conhecer em breve.

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