Situado junto ao Tejo en frente da Praça do Império e defronte ao Padrão dos Descobrimentos - um lugar onde se mata muitos coelhos com uma cajadada só.
Nesse lugar existia, anteriormente ao Mosteiro, a ermida da Ordem de Cristo de Nossa Senhora de Belém, onde foi realiazada a missa assistida por Vasco da Gama no dia em que partiu com sua Nau para a Índia.
D. Manuel I pediu à Santa Sé que permitisse que se construísse um Mosteiro na entrada de Lisboa próximo ao rio Tejo. O Reino de Portugal vivia um de seus melhores momentos sendo possuidor de uma grande potência marítima. Era a Idade de ouro em Portugal.
Então, o Papa Alexandre VI (em 1496) autorizou, e em 1501 começaram a construção que durou 1 século.
O Mosteiro tem mais de 300 metros, todo construído em calcário de lioz e é conhecido como a jóia da arquitetura Manuelina.
O estilo Manuelino, também conhecido como gótico português tardio ou flamejante, é muito rico pois possui influências (góticas, platerescas, mouriscas, entre outras). É caracterizado pelo uso de motivos naturais, marítmos, régios, em grandes formas e exuberantes.
As paredes dos edifícios são praticamente livres de ornamentação. As criações ornamentais propriamente ditas se concentram em pilares, colunas, janelas, arcos, tetos, abóbodas, etc...;
Em matéria de espaço e iluminação adota conceitos do Renascimento, e traz traços do Barroco. Outra característica é possuir uma fórmula técnica da altura, criando abóbodas com nervuras, como é visto no interior da Igreja do Mosteiro.
Para construir esse Mosteiro foi preciso muito dinheiro, e este veio de um imposto, à época, chamado "Vintena da Pimenta" (5% das receitas com o comércio com a Africa e o Oriente).
D. Manuel escolheu os monges da Ordem de S. Jerônimos para habitarem o Mosteiro (eles seguiam a ordem de São Agostinho) mas em troca eles tinham que rezar pela alma do rei.
Também tinham que prestar assistencia espiritual aos marinheiros e navegantes que partinham rumo a outro continente.
Os monges habitaram o lugar por 4 séculos, e em 1833 a Ordem foi dissolvida e eles desocuparam o mosteiro.
O Estado, então, entrega o Mosteiro à Real Casa Pia de Lisboa, uma instituição que acolhia a orfãos e mendigos.
O Mosteiro foi usado como jazigo real e dos religiosos da Ordem somente, mas isto com o passar do tempo mudou. Outras figuras ilustres passaram a ter seus túmulos alí também definidos.
Ao se entrar pela Porta Sul do Mosteiro, uma entrada lateral de preciosíssima beleza, se adentra à igreja e logo em sua entrada estão os túmulos de Vasco da Gama e Luis de Camões.
No centro desta porta está Nossa Senhora de Belém. Em uma mão ela segura o menino Jesus e na outra segura o vaso de oferenda dos Reis Magos.
No meio das porta gêmeas está a imagem do Infante D. Henrique, antepassado de D. Manuel, que muito colaborou com os Descobrimentos.
A visão que se tem ao se entrar a Igreja Santa Maria Belém é algo estonteante, é muito linda!
Quando se está visitando o Mosteiro em seu interior, após ver o claustro, se entra por uma porta onde se sobe umas escadas e não se sabe exatamente o que irá ver.
Nem imaginávamos que iríamos sair onde fica o coro alto da igreja, e de lá a visão que se tem de toda a igreja é de deixar o queixo caído! Surpreendente beleza!
Uma visão esplêndida de toda a sua nave e colunas ricamente trabalhadas.
Com abóbadas audaciosas da nave única e do transepto criou-se um enorme salão antes nunca visto em Portugal. 92 metros de comprimento, 25 de largura e 25 de altura cobertos com o uso de poucas colunas - 6 colunas e mais 2 afastadas.
Ficamos para a missa das 18h. Foi interessante participar de uma missa onde tantas outras foram celebradas para reis e rainhas num lugar tão suntuoso.
No coro alto, os monges ficavam lá por 7 horas (repartidas durante o dia) onde cantavam, faziam oração em voz alta e realizavam ofícios religiosos.
Em 1775 houve um grande terremoto em Lisboa, mas o Mosteiro permaneceu de pé, sendo apenas atingido este lugar: o Coro-Alto. Foram ao chão a balaustrada e o chão do coro-alto.
Ao lado da Capela-mor que é onde fica o altar, numa arcada, se encontram os túmulos de D. Manuel I e D. Maria - sua segunda mulher (foto ao lado).
De outro lado o túmulo de D. João III (filho de D. Manuel I) e de sua esposa Dona Catarina de Áustria (neta dos Reis Católicos).
O Claustro - Hááá o Claustro!!! Foi o mais lindo que vi nesta viagem. Não sei se há outro que o supere, mas é de uma rica beleza, uma obra de arte e realmente um lugar para se relaxar.
Ele possui duplo piso e sua construção foi iniciada em 1517 e concluída em 1541.
Na ala norte do Claustro encontramos o túmulo de Fernando Pessoa e nela está inscrito um de seus clássicos poemas, por Ricardo Reis um dos pseudônimos de Fernando Pessoa.
Na sala do Capítulo se encontra o túmulo de Alexandre Herculano outro grande escritor português. Era uma sala de reuniões dos monges. Permaneceu 3 séculos e meio inacabada. Serviu de capela.
Vejam nessa foto ao lado essas várias portas, são ao todo 12 portas, eram confessionários.
Na época haviam 12 confessionários, 12 portas onde os monges confessores entravam pelo claustro e os penitentes entravam pela igreja e eram separados por uma grade de ferro.
Atualmente 2 dessas 12 portas estão incobertas por causa da construção da Capela do Senhor dos Passos que fica à entrada da Igreja.
Túmulo de Luís de Camões: Em 1552 foi preso após uma rixa com um funcionário da Corte em Lisboa, após um ano o Rei lhe deu o perdão e então Luís parte para as Índias numa expedição militar, viagem na qual compôs o primeio canto de Os Lusíadas. Em 1569 regressa à Lisboa e publica sua grande obra já citada. Morreu doente e na miséria.
Túmulo de Vasco da Gama: Vasco da Gama foi enviado por D. Manuel I, como capitão-mor com uma grande frota a fim de buscar o caminho para as Ìndias. Vitorioso, estabeleu ligação (rota comercial) por mar entre Portugal e Índia dando um domínio aos portugueses por mais de um século.
O Mosteiro foi considerado Monumento Nacional e inscrito no Património Mundial da Unesco.
Para quem antes for ao Museu dos Coches... se caminha um pouquinho e se chega ao Mosteiro dos Jerônimos. É bem pertinho.
Chegamos lá de elétrico 15 (ele pára antes próximo ao Museu dos Coches, após a visita, caminhamos um pouco mais e passamos pela Pastelaria de Belém - e mais alguns poucos metros chegamos no Mosteiro) - Tudo muito perto!
Como chegar:
Autocarro: 28, 714,727, 729, 751.
Elétrico: 15
Comboio: estação de Belém
Horário: 10h às 17h (outubro a abril)
10h às 18h30 (maio a setembro)
Preço: 7 euros
Bilhete conjugado (Mosteiro e Torre de Belém): 10 euros - mais em conta!
http://www.mosteiriojeronimos.pt/