sábado, 18 de setembro de 2010

Etapa 12 - Ruitelán ao O Cebreiro

Dia 15/07/10
Percurso= 9,4km
Percurso acumulado=220,5 km
Início= 7h35
Término 12h45
Duração= 5h10











Essa foi uma etapa bem empolgante e curta.
Empolgante porque a paisagem de subida ao Cebreiro é linda, muitas emoções são despertadas naquele lugar, realmente tem um ar de mistério que fascina e afinal entraríamos na GALÍCIA!

Foi curta porque decidimos começar de Ruitelán esta etapa pois sabíamos que seria uma subida íngreme e não queríamos forçar as pernas de minha mãe. Mas isso foi ótimo porque pudemos desfrutar daquele lugar mágico por mais tempo.

Deixamos Ruitelán sem tomar café, fazia um frio enorme apesar do sol sorrir para nós. Mão, nariz tudo gelava, saia fumacinha da boca.

A subida já começa difícil a caminho de La Faba depois que se deixa Las Herrerías. Subida íngreme e sem café da manhã é dose!









Mas em La Faba tem um barzinho pequeno onde se toma um bom café da manhã e se recupera o fôlego para continuar subindo.

Em Laguna de Castilha tem o albergue La Escuela com uma boa lanchonete, mas aqui minha mãe ficou tensa pois viu um cachorro preto e lembrou do Paulo Coelho em seu livro o Diário de um Mago. O cachorro muito bonito é inofensivo, fica bem na foto. Descansamos um pouco e seguimos.








Ao entrar na Galícia o contentamento foi grande - a famosa Galícia!
Galícia - terra dos Celtas, os quais deram o nome a terra de Galaicos um dos clãs celtas existentes, nome este o qual posteriormente resultou em Galiza.
Galícia - uma conquista romana.
Galícia - andanças de Tiago
Galícia - guerras religiosas
Galícia - terra destino final de Tiago - Santiago de Compostela - fênomeno de despertar mais que religioso mas espiritual, que nos proporciona um momento para refletirmos sobre o verdadeiro sentido da vida.

Galícia está no meu coração!





A chegada ao Cebreiro foi gratificante, foi maravilhoso olhar toda aquela paisagem: montanhas e mais montanhas, umas por cima das outras; Montanhas que subimos, com todas as dificuldes a nós dadas, mas transpassadas.










Ficou a certeza de que o que se quer se consegue! A força e a determinação como qualidades na tua vida é certeza de vitória, ainda que parcial ao alcance do teu objetivo, mas certamente uma vitória!










Olhar tudo aquilo e dizer: eu cheguei até aqui é realmente uma espécie de poder! Representa
um poder sobre um lado negativo que possa existir dentro da gente e que eventualmente queira nos levar para baixo.

Não eu! Eu quero, eu posso, eu consigo!







Bem, já familiarizados com O Cebreiro, conseguimos alugar dois quartos em uma casa, banho tomado, roupas lavadas, fomos almoçar e adimirar suas palhoças de origem celta.










À tardinha tinha a missa na famosa igreja de O Cebreiro, Igreja de Santa Maria la Real, onde uma certa vez, por volta de 1300, ocorreu que um senhor subiu até O Cebreiro, por baixo de uma forte chuva, para assistir à missa, e o padre disse: mas você subiu até aqui só para isso? E durante a Consagração da hostia e do vinho, estes se transformaram em carne e sangue de verdade.


O Cálice e a Patena deste milagre se encontra na igreja para que possámos adimirá-los.

Na foto vê-se um relicário doado à igreja pelos reis católicos (rainha Isabel I de Castela e rei Fernando II de Aragão).






Conta-se que na hora em que este milagre estava ocorrendo a imagem da santa se encurvou para ver tal feito, assim nos disse o padre Jose Miguel.

De todas as missas assistidas durante o Caminho a Santiago de Compostela, a missa no Cebreiro foi a que mais marcou, foi celebrada pelo padre José Miguel que convidou um padre para auxiliá-lo, este estava também fazendo a peregrinação, o padre Daniel.

Bem o Padre José Miguel realmente é um padre de "mão cheia", não somente pela sua bela Homilia, mas pela dinâmica da missa, ficamos encantados com seu jeito de fazer a nós peregrinos participarmos da missa dentro do espírito do que estávamos ali vivendo.
Regina, a baiana, teve o prazer de representar os brasileiros que ali estavam. (é a de camisa branca e calça caqui na foto abaixo).

Primeiramente ele convidou pessoas de várias nações presentes à missa para ler um trecho de uma leitura. Nos motivou com uma simples e doce música e nos ensinou a cantá-la de modo que não saiu mais de nossas mentes.










Ao final coloco o vídeo com parte de sua dinâmica e nossa cantoria, bem como a letra da musica ao final da postagem.
Momentos e sons inesquecíveis em nossas vidas!
Obrigada Padre José Miguel!

Mais fotos desta etapa ver o álbum abaixo.


Estapa 12 - Ruitelán ao O Cebreiro




Letra da música - O CEBREIRO
Oh Cebreiro (2x)
O Cebreiro de mi corazón
Es camino de Santiago
Culmen palloza
Descanso emoción

Oh Cebreiro (2x)
O Cebreiro de mi corazón
Es camino de Santiago
Culmen palloza
Descanso ilusión

Los peregrinos vivan siempre vivan
Los peregrinos siempre vivirán

Etapa 11 - Villafranca del Bierzo a Ruitelán

Dia 14/07/10
Percurso=18,5 km
Percurso acumulado= 211,10km
Início=8h50
Término= 15h45
Duração= 6h15












Ao deixar Villafranca del Bierzo se encontra 2 opções: uma para quem vai por bicicleta e outra para quem vai a pé.

Na praça principal tem vários lugares para se tomar café.

Passando a ponte sobre o rio Burbia, voce segue por uma estrada.

O caminho é na maior parte beirando a N-VI por vezes margeando o rio Valcarce.



Não entramos no vilarejo de Pereje, continuamos seguindo pela estrada.
Por vezes se encontra uma área de descanso ao lado da estrada.

Entramos em Trabadelo e ao sair do vilarejo você a princípio fica em dúvida por onde ir, por que encontra-se pista uma pista que sobe outra pista por baixo (foto ao lado) a indicação esta mais a frente, havia uma seta riscada na pista de baixo e então a seguimos para mais adiante avistarmos um sinal. É por baixo.









Antes de sair do Brasil havia feito uma reserva no Hotel Valcarce na estrada mas cancelamos devido nossas alterações de etapas. É um hotel na beira da estrada com restaurante sempre muito movimentado, muito bom, lá almoçamos.
Decidimos ficar no vilarejo seguinte - Ruitelán.
No caminho, ainda em Vega de Valcarce, encontramos o albergue brasileiro - Nossa Senhora Aparecida do Brasil.



Ruitelán é um pequeno vilarejo subindo a montanha.


Ao chegar no único albergue que havia, tivemos sorte de conseguir uma cama pois já estava praticamente cheio.


A água para lavar roupa estava um gelo, foi praticamente insuportável ter que fazer isso, mas necessário.






Quem dera tivesse uma daquelas luvas grossas de limpeza para aliviar a água tremendamente gelada.
Mais fotos no álbum abaixo

ETAPA 11 - FOTOS

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Etapa 10 - Ponferrada a Villafranca del Bierzo

Dia: 13/07/10
Percurso= 23,9km
Percurso acumulado= 192,60km
Início= 8h
Término= 15h50
Duração= 7h50


O dia estava ótimo, mas deixar Ponferrada foi problemático. Porquê?









Bem, foi uma confusão de setas. No dia anterior quando fomos ao Castelo dos Templários havia um marco com uma concha indicando que o caminho seguia pela direita, virando o castelo e passando pela Torre do Relógio, pois bem... ao menos era o que parecia.
Também tínhamos na lembrança as setas do caminho errado (aquelas setas de quem vem por Campo).

Bem, deixamos o hotel que fica praticamente ao lado da Torre do Relógio, passamos pela praça e acabamos por voltar a rua principal por onde se chega em Ponferrada, encontramos as setas indicando o caminho, as quais nos levou de volta ao Castelo dos Templários que também ficava próximo ao hotel, ou seja, estávamos lá do lado e demos volta. Ninguém merece!

Pois bem, em frente ao Castelo ficamos sem saber para onde ir, não havia seta indicando que era para a ponte, só havia a seta que indicava para ir no sentido de quem vai para a Torre do Relógio, caminho o qual fizemos no início.


Um casal de peregrinos mexicanos também ficou confuso. Estávamos seguindo juntos.
Bem contornamos o castelo, não sabíamos para onde ir exatamente.

O casal de Mexicanos perguntou a um senhor qual o caminho e ele mostrou que deveríamos ir no sentido da Antena e apontou para uma Antena que eu acho que era de Televisão. (vejam no cantinho da foto a antena)

Bem, tinhamos que atravessar então o Rio. Estávamos longe da ponte, tentamos ver se tinha uma saída por trás do Castelo mas não deu certo.

Retornamos para encontrar uma ponte muito mais a frente e daí encontrar o caminho certo.

Até encontrarmos o caminho levamos cerca de 30 minutos meio que perdidas.






Resumo da ópera: para sair de Ponferrada basta atravessar a ponte e seguir em direção a antena de Tv. Há duas pontes: uma ao lado do castelo (ponte de ferro) e daí é só virar para a direita que chega lá.

A outra ponte fica mais afastada do castelo mas também quem for por ela chega no lugar certo através da Plaza las Nieves

A indicação até saírmos de Ponferrada estava escassa. Às vezes seguiamos meio que na intuição até encontrar algum sinal confirmando a opção. Bem, assim como se anda muito para chegar no centro de Ponferrada também se anda bastante para deixar a cidade.

Verinha já não estava conosco, ela ainda ia ficar na cidade e combinamos de nos encontrar então em Santiago no nosso hotel.

Nesta etapa fiquei surpresa com a cidade de Cacabelos, pensei que fosse uma cidade pequena mas não é.

Antes de entrar propriamente nesta cidade se passa por um supermercado muito bom.

Nessa etapa também se passa por vinhedos.






Estava cansada, e já não via a hora de chegar, mas é um tal de sobe e desce, e curvas e mais curvas...quando finalmente eu vejo um mural pintado dando as boas vindas para quem chega em Villafranca.

Abri um sorriso! E disse: chegamos!!!

Doce ilusão! Continua a andar e andar e andar...











Ao entrar em Villafranca passamos pelo albergue Municipal, mas não ficamos nele, vimos mais adiante o albergue Ave Fenix. Albergue bastante falado, cantado em prosa em verso, resolvi ficar aí, mas infelizmente a minha experiência neste albergue não foi das melhores.



Não havia recolhimento das pessoas na hora certa, muitos ficavam no pátio e faziam ruídos e gargalhadas de madrugada, isso mesmo! de madrugada! A luz de fora não era apagada esta por sua vez, pela disposição da minha cama que ficava num dormitório o qual so tinha 3 paredes, pelo outro lado a luz entrava e vinha bem em minha direção.O sono de um peregrino deve ser sagrado. Bem, ,mas isso foi o de menos...



O pior foi ter que utilisar um banheiro o qual não tinha tranca e a descarga não funcionava. Haviam 2 vasos, ambas portas sem trancas, descargas puxadas por fio de nylon. Vinha pouca água e sem força.... por aí vocês imaginam como fica a pessoa que faz o nº 2.



Como peregrina não sou de luxo, quem vai pra chuva é pra se molhar, mas acredito que o mínimo do mínimo um albergue que se presa deve oferecer, até mesmo para que o serviço utilizado seja possível de condição de uso novamente por outra pessoa após o uso de outra. Se é que vocês entendem o que quero dizer. Fiquei muito envergonhada! Dei a descarga 4 vezes e nada! A coisa estava preta!!!!! ou melhor dizendo marrom!!!! Eu havia tomado um laxante, pois há dias meu intestino não funcionava bem.



É! Podem rir!


De contrapeso na hora do jantar antes da refeição um dos colaboradores resolveu fazer uma oração e pediu a todos que se levantassem e dessem as mãos para a oração. Beleza!


Como eu estava na ponta de uma das mesas ele pegou na minha mão, e levantou o braço, o cara era maior do que eu, estava com um Cecê brabo, por ele ser gigante, o meu nariz ficou debaixo do sovaco dele praticamente! Foi um terror!


É! Podem rir de novo!



Daí... a noite não tinha terminado não.... sentado ao meu lado estava um alemão que aparentemente simpático mostrou interesse pela minha falta de apetite. Eu estava quieta conversando com o meu filho e ele começou a me abordar falando EM INGLÊS, me questionando porque que eu não queria comer a salada.


Depois me questionou EM INGLÊS porque que eu tinha posto pouca sopa no prato. Respondi a ele que havia comido uma barra de chocolate e refrigerante, estava sem fome. E voltei a ficar quieta.



Muito bem, após o prato principal que foi ovo com pedaços de linguiça, e eu achava que viria mais coisas, não pensei que aquilo fosse o prato principal, vi que não vinha mais nada, que os colaboradores estavam de braços cruzados e a galera a maioria já estava terminando; então me virei para o alemão e EM INGLÊS perguntei a ele se eu já poderia me retirar da mesa.


Sabe quando você fica em dúvida de fazer algo, se de repente não fica chato e você quer uma opinão? Foi nessa intenção que perguntei a ele.... vou escrever em português literalmente a resposta que aquele infeliz me deu em inglês.


Ele virou a cabeça com ar de esnobe e disse: "eu não falo inglês, falo alemão, mas sim, você pode se levantar!

Não gente! Eu posso com isso? Eu posso?´

É! Podem rir mais uma vez!

Seria trágico se não fosse cómico!

O cara puxa assunto comigo em inglês, quando eu me dirijo a ele em inglês ele vem com essa! Sinceramente, fiquei sem palavras!

Eu e o Rodrigo nos retiramos e ele também se retirou junto comigo.

É Doido! De mal com a vida! Sai pra lá Jaburu!

A única coisa boa nesta etapa e neste albergue foi que reencontramos o Daniel, o venezuelano que estava fazendo o caminho de bicicleta.

No dia seguinte ele que levantava cedo ficou nos esperando apenas para se despedir da gente, nós que demorávamos para estarmos prontos. Tadinho!

Nos despedimos na certeza de nos reencontrarmos em Santiago, mas ainda pude filmá-lo se despedindo de minha mãe e deixando o albergue.

Abaixo está o vídeo dele, pois é bom termos o som da voz de um amigo gravada, é bom termos o registro do sorriso de um amigo. Valeu Daniel! Gostamos muito de ter te conhecido!

ou melhor: gracias Daniel! A nosotros nos gustó muchísimo haberte conocido!



Na entrada de Villafranca tem a igreja de Santiago que na época medieval os peregrinos que não conseguissem chegar até Santiago de Compostela por motivo de doença, a eles lhes eram dadas as indulgencias na porta desta igreja - porta esta chamada de "Puerta del Perdón". Este foi um privilégio concedido pelo Papa Calixto III.







Abaixo álbum com fotos desta etapa


Etapa 10 - Ponferrada a Villafranca del Bierzo


sábado, 11 de setembro de 2010

Etapa 9 - El Acebo a Ponferrada

Dia 12/07/10
Percurso=16 km
Percurso acumulado=168,70
Início= 9h
Término=13h30
Duração= 4h30





Dessa vez chegamos mais rápido.
É! Para descer todo santo ajuda!!!


Em El Acebo o dia amanheceu friozinho embora o sol já estivesse dando as caras.
A Verinha como queria descansar um pouco as pernas foi para Ponferrada de carona com o dono do restaurante que nos alugou os quartos. Todos os dias ele vai à Ponferrada buscar pão e ofereceu a carona à Verinha.


Combinamos de nos encontrar no hotel em que íamos ficar.



O Caminho continua sendo de descida constante, boa parte do terreno com pedras encravadas na terra, mas já estava acostumando com as dores.








Chegamos em Molinaseca 11h20.
Na foto se vê a igreja de San Nicolás.
Queria ir ao banheiro e após atravessar a ponte sobre o rio Meruelo vê-se logo uma venda à esquerda.


Bem, pensei: vou comprar alguma coisa para poder usar o banheiro.



Fiz minhas comprinhas de alimentos e depois de pagar vi que tinha dado com os burros n'água, pois não havia banheiro.
Tive que comprar uma garrafa de água em outro lugar para poder usar o serviço.
Por isso vai a dica: se certifique, antes de comprar em alguma venda, se há banheiro, "servicios", é como eles chamam, isto é, se a sua intenção é de ir ao banheiro.
Quando estávamos cruzando a ponte em Molinaseca o dono do restaurante que tinha dado carona à Verinha passou e parou para dizer que a deixou sã e salva em Ponferrada. Que inveja da Verinha!








Quando já estava chegando no vilarejo de Campo (veja na foto ao lado) há uma entrada à esquerda com um indicação do caminho, entrei, e percebi que um senhor que estava atrás de mim seguia pela estrada, chamei-o e disse que havia indicação de que era para a esquerda e ele me disse: eu sei, mas me falaram que indo pela estrada é mais perto.






Não tive dúvida! Segui o velhinho.
E realmente é, pelos meus cálculos é cerca de 1 hora a menos de caminhada.
Então segue a dica: não entre em Campo, continue seguindo pela estrada. É mais perto.
Ponferrada é uma cidade muito grande, se anda bastante até chegar ao centro dela, passamos em um albergue para selar nossas credenciais, e depois andamos mais um pouquinho até chegar na parte velha onde ficava o hotel.

A sinalização era confusa, nos confundimos de direção para chegar até a parte velha.
Mas eu sei porque: foi por termos vindo pela estrada, não percebemos que as sinalizações que víamos era de quem chegava vindo por Campo.

Bem, direção resolvida, hotel encontrado, então fomos descansar um pouco.







Tomamos banho, descansamos, Verinha chegou com frutas, já tinha rodado toda a cidade.
Bem, fomos então passear por Ponferrada.
Ponferrada tem esse nome por conta de uma ponte de ferro que foi construída ali e que foi reforçada na época da reconquista cristã da Península. Era chamada antes de "pons ferrata". Próximo à ponte tem o Castelo de Ponferrata.

Onde hoje é o Castelo de Ponferrada, também chamado de Castelo dos Templários, havia um castro pré-romano e depois uma ciudadela romana que foi destruída pelos Godos.


Por volta de 1178 o Rei Fernando II de León doou aquelas terras para os cavaleiros da Ordem do Templo, tinham eles a missão de defender os peregrinos que passassem por ali. Eles por sua vez construiram o castelo já por cima da fortificação que existia.

Em 1312 a Ordem se dissolveu e ele voltou para a posse da Coroa de León e desde então foi sofrendo reformas, ampliações e coisa e tal até princípios do século XVI.





Infelizmente por conta das novas alterações das etapas a se caminhar, acabou que o dia em que chegamos em Ponferrada foi uma segunda-feira.

Dica: não cheguem em Ponferrada numa segunda-feira, não há nada aberto para se ver.

Fiquei muito triste. Decididamente tenho que voltar aqui.

O horário de abertura do Castelo é de terça a sábado. 11h - 14h/ 16h30 - 20h30 e domingo 11h - 14h.



Mais fotos sobre a etapa no álbum abaixo

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Análise da minha mochila - Santiago de Compostela

A minha escolha do que deveria levar para fazer o Caminho de Santiago de Compostela foi baseada em uma relação fornecida em sites orientadores, como http://www.caminhodesantiago.com/ por exemplo.



Venho aqui fazer uma avaliação de alguns itens de minha mochila que levei para fazer o Caminho de Santiago de Compostela.



LANTERNA DE CABEÇA: para mim que viajei no verão em nenhum momento a utilizei. Mas por que a levei? A levei porque como havia lido que os albergues tem horário para apagar as luzes, eu provavelmente a iria utilizar para eventualmente ir ao banheiro à noite.

Não foi preciso, pois embora as luzes fossem apagadas geralmente às 22hs nos albergues, pelo menos os que fiquei, havia lanternas de orientações nas paredes, de modo que nunca estava totalmente escuro.

Também não ocorreu de sairmos muito cedo do albergue quando geralmente ainda não está claro e se faz necessário usar a lanterna.

Se você não vai ter o hábito de sair as 5h da manhã desnecessário, na minha opinião, levar lanterna.




BASTÃO: Fundamental! O caminho possui trechos muito difíceis. Questão: levar 1 ou 2 bastões? Eu levei apenas um bastão e foi suficiente. Companheiro inseparável.

Aproveito para alertar que o movimento com o bastão pode causar dores nos braços. Aconteceu comigo no primeiro dia.




HIDROBAG: Levei o hidrobag pois havia lido que haveria trechos longos sem nenhuma possibilidade de encontrar bar .

Não é necessário, pois antes de se começar o trecho, por exemplo, um trecho longo como o de Villamayor de Monjardin rumo a Los Arcos, que são 12,5 km há um bar e restaurante onde você pode se abastecer de água até o percurso final, também em outros trechos se encontra máquinas pelo caminho que vendem água e refrigerantes, além de fontes.





BOTA: Ter feito o caminho de bota, apesar de pesada, foi uma grande proteção para os meus pés. Constantemente dava topadas nas mais diversas pedras que encontrei pelo caminho.

Chega uma hora em que a perna está tão dolorida, tão cansada, sem ânimo par continuar caminhando que você não consegue nem levantar o pé na altura suficiente necessária para passar pelas pedras.

Dei topadas diversas e não senti nenhuma dor nos dedos. Se eu estivesse de tenis não sei como estariam meus dedinhos.




3 CALÇAS-BERMUDAS: é suficiente apenas 2 calças-bermudas. E para se caminhar é melhor transformá-las em apenas bermuda, porque o caminho deixa a barra da calça muito suja, então é mais um item para se lavar diariamente. Usei a calça-bermuda apenas no primeiro dia e o outro foi quando sai do Cebreiro pois estava muito frio.


Lavava a bermuda de 2 em 2 dias, de modo que se você está usando uma e coloca a outra para lavar, se não secar no mesmo dia, no outro secará.




FARMÁCIA: Ter levado minha farmacinha ambulante foi bom no sentido de estar preparada para uma emergencia, ninguém sabe quando a dor vem. Os horários de funcionamento dos estabelecimentos são diferentes dos nossos, nem sempre encontrávamos farmácia aberta na hora em que precisávamos ou passávamos por elas.












Levei: Buscopan para gases, 46 (remédio homeopatico) para prisão de ventre, dorflex, Cataflan gel (utilisei 2 tubos), vaselina, pomada e arnica, além de meus remédios habituais.


Uma das coisas legais que tive que comprar por lá foi o COMPEED, é um protetor para a pele dolorida, ainda não vi vender no Brasil, tem para bolhas, para joanetes.... custa em torno de 6 euros. Esse da foto é para joanete. Excelente. (se pronuncia "kompid").



TALHERES: não os usei no caminho porque sempre comíamos em restaurantes/lanchonetes. Não compramos alimentos para cozinhar no albergue. Se você também não tem a intenção de utilizar cozinha, não precisa levar talheres. Eventualmente o canivete poderá resolver alguma necessidade.




FRALDÃO DE BEBÊ: excelente. Me enxugava o suficiente e secava muito rápido com peso mínimo.




ANORAK: Levando em conta que fui no verão, não o utilizei, não que não tivesse chovido ou feito frio pelo vento, é que quando choveu utilizei o poncho, que cobria a mim e à mochila, então não fazia sentido também colocar o anorak já que estava protegida pelo poncho.
Nos momentos em que fez frio acabaei utilizando o meu casaco fleece.



LUVA: aqui uma exceção, não levei luva, pois estava indo no verão, não precisaria, era o meu pensamento.
Isso não vale para quem vai passar pelo Cebreiro, na minha opinião.
Pela manhã há névoa e bate um frio enorme. Minha mão gelava demais! Me arrependi de não ter luva naquele momento.



GARRAFA PARA ÁGUA: não é necessário levar uma garrafa de água, dessas transadas, bonitonas e pesadas, você pode comprar uma garrafa de água comum em qualquer lanchonete e reabastecê-la durante o caminho nas fontes, ou mesmo comprar outra. É muito mais leve que esses cantis de água.





REPELENTE: Muito importante. Há mosquitos demais e o trecho de Rabanal del Camino é horrível! Parece que a quantidade de mosquitos duplica nesse trecho. Terrível!



CANGA: não a utilisei. A levei pois li uma vez que não havia porta em um banheiro de albergue. Em todos os lugares havia banheiros adequados ao banho. Todavia se você quiser utilisá-la para se cobrir um pouco mais do sol é válido. Foi um grande peso que carreguei. Desnecessária.




ISOLANTE TÉRMICO: é bom levar, nunca se sabe... usei-o uma vez apenas quando fiquei no Polideportivo por falta de vaga em albergue. Sempre fiquei onde havia cama. Não vi albergue dando o chão quando não tinha vaga. Sempre mandavam para o polideportivo.



POCHETE: Vi no caminho uma pochete que tem espaço para garrafinha de água, muito prática, pois para quem está caminhando fica mais fácil o manuseio do que colocar no bolso da mochila.
Como a minha não tinha essa facilidade então levava sempre a garrafa na mão, agora imagina, segurar máquina fotográfica, filmadora, bastão e mais a garrafa de água.... êta malabarismo!




PROTETOR DE ASSENTO SANITÁRIO: para a higiene isso é fundamental levar. Você pode encontrar isso em farmácias.
Aqui coloco a foto de 2 tipos que levei.
Um que é uma espécie de "saquinho" que veste o assento, o outro é só colocar por cima.



Etapa 8 - Rabanal del Camino a El Acebo

Dia 11/07/10
Percurso=16,7km
Percurso acumulado=152,70
Início=7h15
Término= 14h
Duração= 7h15




Para quem esta acompanhando as etapas do Caminho, necessário se faz que eu esclareça que por problemas de tempo e limitações físicas de minham mãe tivemos que pular certas etapas, para então reiniciarmos em Rabanal del Camino.
Fizemos quase toda a Comunidade de Navarra, faltando muito pouco para concluí-la.
Deixamos de percorrer a Comunidade de La Rioja e parte da Comunidade de Castilla y Leon.


Bem, mas como chegamos a Rabanal del Camino?

Ainda voltando a Los Arcos, no dia seguinte após a nossa chegada, fomos para um ponto de ônibus comum, pois lá não há uma estação rodoviária, e tomamos um ônibus para Logroño.

Passamos um dia em Logroño e no dia seguinte tomamos um trem para Burgos.
Passamos um dia em Burgos e no dia seguinte tomamos um trem para León.
Passamos um dia em León e no dia seguinte pegamos um ônibus para Astorga.


Ao chegar na Estação de Astorga não foi possivel comprar passagem de ônibus para Rabanal del Camino porque só vai ônibus para lá às segundas-feiras. Como não era segunda-feira ficamos meio que preocupadas.


Então decidimos pegar um taxi, mas não víamos taxi algum apesar de termos ficado um bom tempo próximos à uma placa que indicava ser ali um ponto de taxi, ao lado da Rodoviária.


Bem, um senhor, o qual indaguei informações sobre Rabanal, me viu ali parada e veio me perguntar se ainda ia para Rabanal, ele se ofereceu para nos levar em seu carro por 20 euros.
Negócio fechado. Lá eles cobram 1 euro por cada kilometro.
De Astorga a Rabanal del Camino são 20,6 km.


Este senhor nos deixou num albergue que considerava bom, o albergue Nuestra Señora del Pilar, e realmente o é.


Tem um pequeno restaurante, máquinas de conveniência, internet e banheiro misto no dormitório.








Nesse albergue recebemos do Caminho mais um presente, conhecemos a amiga Vera Lúcia de Belo Horizonte, a qual nos deu o prazer de caminhar e ficar conosco até Santiago de Compostela.

Sempre alegre e sorridente, maravilhosa companhia!

Saudades de você Verinha!

Era a única brasileira no albergue além de nós.



Passei a tarde na internet tranquilamente sem me preocupar de ter que sair para que outra pessoa a utilizasse. Havia 3 computadores.

Ao final da tarde assistimos à missa na igreja de Santa Maria, é uma igreja no estilo românico, bem simples.

Bem, o trecho até El Acebo seria de subida constante até a Cruz de Hierro e depois uma leve descida para depois subir novamente, e depois de Collado de las Antenas uma descida direto a El Acebo.










Saimos relativamente cedo de Rabanal del Camino, o dia estava ótimo, temperatura agradável, eu percebia que o Caminho já estava mais cheio de gente, antes caminhávamos praticamente sozinhos e um peregrino aqui outro acolá passava por nós. Agora não, já havia muito mais movimento.








No trecho de Rabanal del Camino a Foncebadón possui uma quantidade enorme de mosquitos, não sei se por causa do tipo de vegetação, havia também esterco, um cheirinho desagradável, o fato é que você não pode fazer esse caminho sem usar repelente. É incrível como eles te atacam.








Eu saí sem repelente, no início tranquilo, mas depois, quando cheguei nessa parte, eles vinham direto em mim e não aguentei; Parei para colocar o repelente e fiquei assombrada, pois quando parei eles simplesmente vieram com tudo, na perna, no braço, no rosto, estava parada procurando repelente, não me abanava e eles aproveitaram. Sem repelente não dá! Sem chance!
Conhecemos de passagem nesse trecho 2 baianas, Regina e Tânia, Regina mora em São Paulo e Tânia em Salvador. Tânia andava mais rápido e Regina num ritmo mais lento semelhante ao nosso.


Regina foi agraciada com uma honra que contarei mais a frente na Etapa de O Cebreiro.














Essa etapa é bem rica de emoções: pois é nela que você encontra a Cruz de Hierro, um lugar no qual peregrinos depositam, além de suas preces, uma pedra que trazemos de nossa terra e que para cada um tem um significado especial. É um lugar emblemático do Caminho.


É um dos lugares mais alto de todo o percurso do Caminho Francês, está a 1504 metros.



O próximo lugar, também emblemático, é Manjarim onde lá no albergue de Tomás que se veste como os templários, e se diz ser o último dos cavaleiros templários, você tem a sensação de realmente estar diante de um. Será?


















Após subidas e descidas desfrutando de lindas paisagens chegamos em El Acebo.


Quando se entra pela rua principal se vê logo 2 lugares que te oferecem aluguel de bons quartos.


Como agora estávamos em 4 e minha mãe sempre dormia no chão por conta de seu problema na coluna decidimos em El Acebo tentar alugar um quarto pagando apenas por 3.










Na foto vê-se a entrada em El Acebo, escolhemos o estabelecimento do lado direito, é a segunda casa. Uma pena não ter guardado o nome, mas não tem errada. Fica na biqueira da entrada de El Acebo, primeiro passa o que aluga quartos do lado esquerdo e logo mas a frente outro do lado direito. É esse! É cuidado por uma família.







Bem, perguntamos ao dono, um senhor super gente fina, que embora fóssemos 4 pessoas se era possível ele alugar um quarto para pagamento de 3 pessoas apenas, porque minha mãe dormia no chão.
Ele concordou.


Mas para minha surpresa ele nos colocou em uma casa.

Na verdade ficamos nesta casa sozinhos, e havia 2 quartos com camas ótimas e limpas e 2 banheiros só para a gente.



Esse quarto da foto tinha uma televisão tela plana creio que de 40 polegadas. Show de bola!




Pois muito bem, após termos nos instalados, procedo a retirada das coisas de minha mochila para me dirigir ao banho, e para minha surpresa e susto aconteceu nada mais nada menos de eu ter esquecido a bolsinha na qual trazia os carregadores e demais fios dos meus aparatos tecnológicos (máquina fotográfica e filmadora) no albergue em Rabanal - SOCORRO!!

Gente, vocês tem idéia de como eu fiquei?



Saí pela porta afora desesperada, correndo, fui até o restaurante falar com o senhor que me alugou os quartos, e perguntei a ele por um Taxi.


Ele disse que teria que chamar para vir de Molinaseca, porque lá não havia taxi, e que provavelmente essa brincadeira iria me sair por uns 80 euros.

Que jeito! precisava dos fios, dos carregadores, da tomada para uso na Europa, enfim... de tudo. Estava disposta a pagar.

Mas ele gentimente pediu a um parente que pegasse o seu carro e me levasse até Rabanal del Camino. Olha a minha sorte!



Voltei a Rabanal del Camino e lá estava a minha sacolinha exatamente onde a deixei: ao lado do computador, believe or not!


Voltei tranquila, agora dessa vez de carro, apreciando o passeio.


Lição do caminho: no final tudo acaba bem, se não está bem é porque não é o final.






Vejam abaixo mas fotos desta etapa, e também um vídeo no trecho onde os mosquitos começaram a nos atacar.




Etapa 8 - Rabanal del Camino a El Acebo