quinta-feira, 25 de junho de 2009

Teatro Amazonas - Para não dizer que não falei das flores - Parte 2

O Teatro Amazonas, Patrimônio Histórico, é um dos lugares emblemáticos de Manaus. Sua construção, ocorrida nos aureos tempos durante o ciclo da borracha teve inicio em 1881, e por conta de dificuldades em relação a seu projeto levou 14 anos para a sua conclusão, em 1896 deu-se o seu término.





Para sentirmos o esplendor dessa obra, basta voltarmos ao passado, ao momento de sua construção, onde Manaus era uma pequena província, e nessa época, habitada também por inlgeses, grandes empresários, pois afinal descobriram a "hevea brasiliensis" - nossa famosa seringueira, que até então tinha o seu lugar quieto dentro da selva amazônica... nunca mais foi esquecida!

O negócio era alimentar a indústria de automóveis - e foi assim que o enriquecimento dessa região se deu.
Com o dinheiro correndo solto....o luxo se fez presente em uma majestosa criação... sim criação, pois o Teatro Amazonas, venhamos e convenhamos - É UMA OBRA DE ARTE! ARTE PARA ARTE!


Então imaginem: no meio da selva, aquele imponente teatro se ergueu, com tudo o que de mais moderno e luxuoso na Europa havia; símbolo da riqueza e da beleza para a poderosa sociedade que queria que a cultura européia também aqui marcasse presença. Assistir à ópera na selva! Que maravilha! Que abertura para um banho de cultura tão esperado! Ora! Era a BELLE ÉPOQUE!!!
O viajante que chegava, naquela época, ao Porto de Manaus, já de longe avistava o majestoso Teatro Amazonas, lá em cima.... na parte alta....que beleza! A civilização no meio da selva!
O indío se admirou, o caboco adorou e dessa forma passamos de geração em geração o orgulho do trabalho daquela gente, daquela raça, e dos grandes artistas que mostraram a que vieram!
Bem, a alta sociedade presenciou em 31 de dezembro de 1896 a inauguração do Teatro com a ópera "La Gioconda" de Amilcare Ponchielli, sob a regência do maestro brasileiro Joaquim de Carvalho Franco. Os que não puderam entrar no teatro se deleitaram apenas com a visão das chegadas das grandes autoridades com as suas esposas ricamente vestidas.

A Cúpula do teatro é composta de 36 mil peças de escamas de cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas importadas da Alsácia que fazem harmoniosamente referência à Bandeira Brasileira. Custou duzentos contos de réis. O trabalho foi executado por técnicos franceses, a pintura foi feita por Lourenço Machado.

Um dos grandes pontos de visita é o Salão Nobre, no qual a pintura do teto foi totalmente elaborada pelo artista italiano Domenico De Angelis e seu colega de Academia Giovanni Capranesi, tendo como tema a Glorificação das Artes no Amazonas. Para quem olha tem a impressão de que o personagem principal da pintura esta olhando para você, seja em qualquer local que você esteja - impressionante!


De Angelis e Capranesi foram contratados por meio de Crispim do Amaral (pintor, músico, cenógrafo, desenhista e decorador pernambucano) que ficou responsável pela decoração do teatro.



O Teatro possui 3 andares e 701 lugares com 250 poltronas e 450 camarotes com tecidos em veludo vermelho.Em frente aos camarotes nobres há máscaras da tragédia grega.

Conselho para quem um dia for assistir a uma ópera alí: se não ficar no camarote, nas poltronas só é bom da 5ª para trás, porque nas da frente você fica com o pescoço doendo tentando acompanhar a legenda da ópera no visor que fica lá em cima do palco.

O pano de boca foi pintado por Crismpim do Amaral e representa o Encontro das Águas onde mostra Yara e os deuses que representam o rio. Com uma tecnologia apropriada, o pano sobe verticalmente.
Na sala de Espetáculos, podemos ver quatro telas que foram pintadas em Paris pela Casa Carpezot, no estilo neoclássico, onde são retratas alegorias à música, dança, tragédia e uma homenagem ao grande compositor brasileiro Carlos Gomes. Em seu centro há um lustre dourado com cristais que foram importados de Veneza - Murano. Este desce até em baixo para limpeza.

Também há pinturas no Salão Nobre. Encontramos algumas telas que foram pintadas por Capranesi, em seu ateliê em Roma, como "O GUARANY", a maior das pinturas alí existentes. Retrata Peri salvando Ceci do incêndio, personagens da obra literaria de José de Alencar - O Guarany.















Bem como o material do interior que foi trazido da Europa, a parte externa não poderia ter sido diferente. O Calçamento foi feito com pedra de Liós, um material que veio de Portugal.

Nesta foto se vê ao fundo a Igreja de São Sebastião (construída em 1888).
Todo esse calçamento foi revestido com espessas mantas de borrcha para evitar o som das carrugens no solo.




Em frente ao Teatro Amazonas e também de frente para a igreja São Sebastião você tem a Praça São Sebastião, é claro. Nela encontramos o monumento em homenagem à abertura dos portos às Nações amigas.

O Teatro Amazonas, atualmente está mais movimentado.
Todo ano, nos meses de Abril se dá o Festival de Ópera no Amazonas, vale à pena conferir.

VISITAÇÃO:
Abertura: segunda à sábado. Possui visitas guiadas.
Horário: 9h às 17h.
Entrada: R$10,oo
Endereço: No Largo de São Sebastião.
Telefone: (92) 3622-1880/3232-1768



FOTOS DA AMIGA ANA PAULA EM VISITA AO TEATRO
(estava acontecendo um ensaio)


































































































































































segunda-feira, 8 de junho de 2009

Manaus - Pra não dizer que não falei das flores - parte 1 - ENCONTRO DAS ÁGUAS.

Sou filha desta terra, Manaus - Amazonas, terra de índio, do caboco baré, do majestoso verde da matas... e até do meu adorado Tambaqui, quem me conhece sabe do que estou falando; não foi um sonho de viagem, quiçá um sonho no plano astral.... será? Quem sabe? O fato é que não poderia deixar de falar sobre as belezas desta região, atualmente, parte do lugar mais desejado pelas grandes potências que comandam nosso mundo ávidas por água. E por que não começar falando do fenomenal Encontro das Águas do Rio Amazonas? Essa maravilha da natureza possui 2 grandes astros. O Rio Negro e o Rio Solimões. O Rio Negro, que nasce na Colombia, é o maior afluente da margem esquerda do Rio Amazonas, O Rio Solimões, bem....vamos tentar entender....

O nosso Rio Amazonas, na verdade, nasce na Quebrada Carhuasanta no Nevado Mismi, onde o Rio Apurimac-Ucayali tem sua nascente quase 90 Km mais ao sul do Monte Huagra no Peru (antigo ponto tido como o nascedouro do Amazonas) nos Andes. Pois bem, quando esse rio entra em território brasileiro aí é que ele recebe o nome de Rio Solimões. O Rio Solimões, chegando em Manaus, se encontra com o Rio Negro e recebe o nome de Rio Amazonas. O Rio Negro e o Rio Solimões percorrem, lado a lado, mais de 6km, e nessa confluência suas águas não se misturam devido às suas densidades, temperaturas e velocidades. O Rio Negro percorre 2km/h a uma temperatura de 22ºC, enquanto que o Solimões percorre 4km/h com temperatura de 28ºC. O Rio Solimões é o mais rico em nutrientes, apesar de sua cor barrenta, suas aguas são claras e limpas.

O Rio Amazonas como se não bastasse ser o maior Rio do mundo em sua largura também o é em sua extensão, mais de 6.992 km, com mais de mil afluentes.

Veja ao lado uma foto de sorte que tirei: consegui fotografar o boto cinza. Tinham vários pulando e um deles era rosa.

A viagem é feita pela empresa Amazonas Explorer, você chega por volta das 8h no porto, e lá há uma lojinha da empresa onde você pode contratar na hora. O Passeio sai por volta das 9h e retorna às 15h. Atualmente o valor custa R$100,00. Dentro do preço está incluído um almoço no restaurante flutuante Janaurilandia.
Num determinado momento deixamos o barco grande e entramos em um barco pequeno e adentramos rio Solimões adentro até chegar num local para ver a Samaúma.

A Samaúma é uma árvore que tem no meio da floresta e que chega a 40 metros de altura, é a árvore mãe da floresta.

A sua raíz se batida nela ecoa por toda extensão da árvore. Os índios costumavam se comunicar através de sua raíz chamada sapopema.

Logo após a Samaúma se pega novamente o barco pequeno para ir ver a Vitória Régia, com direito a jacaré e tudo.
Após essa visita retornamos ao Restaurante Flutuante para o almoço.
Servem tanto peixe como frango, vendem balas e existe um salão enorme com várias bancas com artesanatos mil.

Antigamente esse passeio contava com possibilidades de contato com bichos (cobra, jacaré, preguiça entre outros) mas isso foi proíbido.

No ponto em que se desce em terra firme para se ver a Samaúma (primeira parada) há índios/caboclos que vendem artesanato - mas cuidado! Não compre de primeira, pergunte o preço do objeto desejado, pois há vários vendendo as mesmas coisas e por preço diferente, um do lado do outro.

Confira fotos desde a saída do caís onde se pode ver as marcas das cheias do Rio Negro a cada ano.
Bem como a contrução da ponte que liga Manaus à Iranduba.
Mais abaixo você pode conferir alguns vídeos do passeio.

E aqui vale ler o Poema de Quintino Cunha que retrata muito bem o Encontro das Águas. Após essa doce leitura, eu não preciso dizer mais nada!
ENCONTRO DAS ÁGUAS Quintino Cunha
Vê bem, Maria aqui se cruzam: este É o Rio Negro, aquele é o Solimões.
Vê bem como este contra aquele investe,
como as saudades com as recordações.
Vê como se separam duas águas, que se querem reunir,
mas visualmente; É um coração que quer reunir as mágoas de um passado,
às venturas de um presente.
É um simulacro só,
que as águas donas d'esta região não seguem o curso adverso,
todas convergem para o Amazonas,
o real rei dos rios do Universo;
Para o velho Amazonas, Soberano que, no solo brasílio, tem o Paço;
Para o Amazonas, que nasceu humano
porque afinal é filho de um abraço!
Olha esta água, que é negra como tinta.

Posta nas mãos, é alva que faz gosto;
Dá por visto o nanquim com que se pinta,
nos olhos, a paisagem de um desgosto.
Aquela outra parece amarelaça,
Muito no entanto é também limpa, engana;
É direito a virtude quando passa
pela flexível porta da choupana.

Que profundeza extraordinária, imensa,
que profundeza, mais que desconforme!
Este navio é uma estrela suspensa
n'este céu d'água, brutalmente enorme.

Se estes dois rios fôssemos, Maria,
Todas as vezes que nos encontramos,
que Amazonas de amor não sairia
de mim, de ti, de nós que nos amamos!...




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